Benny's Video, 1992
Dirigido por Michael Haneke, com Arno Frisch, Ulrich Mühe, Angela Winkler e Ingrid Stassner.
Palavras chave: violência, adolescência, sadismo
Dirigido por Michael Haneke, com Arno Frisch, Ulrich Mühe, Angela Winkler e Ingrid Stassner.
Palavras chave: violência, adolescência, sadismo
"_ Queria te perguntar uma coisa...
_ Sim?
_ Por que... fez isso?
_ O quê? Não sei... Queria ver como era... acho."
A câmera de mão amadora caminha atrás de dois homens que arrastam um grande porco. Mais à frente, percebemos que é uma espécie de fazenda e logo temos a cruel idéia do que pode vir a acontecer. Com uma arma de ar comprimido carregada com munição de chumbo, um dos homens pressiona-a e dispara contra a cabeça do porco. O porco se debate morrendo aos poucos. A cena volta, a cena é repetida, dessa vez, em câmera lenta...
Com essa abertura chocante e forte, temos a idéia do que está por vir, da proposta do diretor. Michael Haneke é conhecido por abordar em seus filmes, o tema “violência”. Dos mais diversos pontos de vista e forma, ele consegue estabelecer com seu cinema sua visão crítica do mundo, em diferentes épocas, como é presente em sua filmografia. Talentosamente, Haneke dirige-os de forma como poucos conseguem, evitando a banalização e apoiando o cinema artístico como modo de reflexão e um modo de “chocar” ou alertar a platéia com uma realidade que muitos procuram se distanciar, mas muitas vezes pode estar bem perto, bem ao lado. Não há como fugir da violência e o melhor modo é lidar com ela é entendendo-a, entendendo suas origens e formas de se manifestar e, Haneke dedica toda sua carreira a esta causa.
Com essa abertura chocante e forte, temos a idéia do que está por vir, da proposta do diretor. Michael Haneke é conhecido por abordar em seus filmes, o tema “violência”. Dos mais diversos pontos de vista e forma, ele consegue estabelecer com seu cinema sua visão crítica do mundo, em diferentes épocas, como é presente em sua filmografia. Talentosamente, Haneke dirige-os de forma como poucos conseguem, evitando a banalização e apoiando o cinema artístico como modo de reflexão e um modo de “chocar” ou alertar a platéia com uma realidade que muitos procuram se distanciar, mas muitas vezes pode estar bem perto, bem ao lado. Não há como fugir da violência e o melhor modo é lidar com ela é entendendo-a, entendendo suas origens e formas de se manifestar e, Haneke dedica toda sua carreira a esta causa.
Benny é um jovem, o mesmo que gravara o vídeo do abatimento do porco e o mesmo que revia o filme em câmera lenta, o momento crucial do abatimento. Ele aparenta ser alguém normal, vai à escola, tem amigos, uma família. Mas guarda dentro de si algo extremamente perigoso que é alimentado cada vez mais. Em seu quarto, tem equipamentos de vídeo, como câmeras e televisões. Na televisão ele assiste aos noticiários e aos filmes que aluga numa locadora. Benny tem tudo o que quer e precisa, conquistou uma independência tamanha prematura e pouco liga para os outros, sempre com uma expressão de indiferença perante a tudo. Aluga frequentemente filmes com teor violento e não é impedido nunca. As janelas de seu quarto vivem fechadas. A mãe de Benny demonstra fraqueza e impotência, incapacidade de lidar com o filho, enquanto o pai é insuficientemente mais rígido, não dialoga e sempre tem uma expressão de preocupação ao mesmo tempo em que também parece incapaz de lidar com o filho jovem.
Não demora e ele passa a conversar sobre os filmes que ela tem vontade de assistir e os que ela assiste pelo outro lado da vitrine na locadora. Benny então a convida para assistir o filme caseiro sobre o abatimento do porco na fazenda. Ele mostra então a arma que abateu o porco a ela, ele a ganhara devido a uma aposta feita. Ele dá a arma a ela e pede para que ela atire nele. Ela não atira com medo. Ele a chama de covarde e aponta para ela a arma. Ele não dispara. Ela o chama de covarde como uma forma de retribuição ao insulto feito a ela anteriormente. Ele atira. Acompanhamos essa seqüência e a seguinte pela tela da televisão conectada a uma câmera em seu quarto. O vídeo não foca na violência não mostrando a execução, mas somos obrigados a ouvir o acontecimento, se tornando então uma experiência mais chocante que a violência explícita. Ora, Haneke quer criticar a violência e a mídia, ele não vai fazer parte dela. É frio e revoltante. Depois disso, vemos Benny tranqüilo, agindo como se nada tivesse acontecido, tomando um iogurte, fazendo as lições de casa e por fim, doentiamente, despir-se e esfregar o sangue da garota morta em seu corpo enquanto se filma. Em seguida, ele recebe um telefonema de seu colega e vai para a casa deste para dormir.
Haneke consegue com esse filme nos chocar, não apenas com a frieza do jovem Benny, mas com a incapacidade dos pais em lidarem com o filho, de educarem-no. Mimam-no de todas as formas, criam-no para ser independente, não participam da vida pessoal do filho, mas tem a consciência de que deveriam, de que estão errando e nada fazem ou pouco fazem para se corrigir. O filme se desenrola com o foco no jovem e nas atitudes de seus pais quanto à situação. Culminam numa seqüência final genial e chocante, que com certeza nos abalará e concretizará a nossa dúvida sobre os sentimentos de Benny.
Arno Frish, o jovem ator do filme, demonstra extrema maturidade para atuar em um filme tão maduro, exibindo até mesmo o nu completo, e, anos mais tarde, se tornando um dos astros do filme mais cultuado do diretor, “Violência Gratuita”. Haneke, nesse segundo longa metragem de sua carreira, consegue firmar-se como um dos diretores mais importantes da atualidade, vindo a preencher sua grandiosa carreira com filmes incrivelmente bem feitos e críticos, como o recente “A Fita Branca”. Não só recomendado, mas obrigatório.
Avaliação: 9,5/10
Por Pedro Ruback
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