Dirigido por Andy Warhol e Paul Morrissey, com Brigid Berlin, Randy Borscheidt, Christian Aaron Boulogne, Ondine, Nico, Mario Montez, Dorothy Dean e Marie Menken.
Palavras-chave: filme experimental, juventude
"Chelsea Girls" é um reflexo de uma juventude em formação, a rebeldia e a forma de expressão. Andy Warhol e Paul Morrissey exploram de forma única e completamente fora dos padrões o cinema como forma de comunicação mais do que representativa. O jovem dos anos 60/70 e sua explosão de liberdade de expressão, sexual, opiniões religiosas revoltadas contra a repressão e a idealização demente manipuladora da época. Ao mesmo tempo em que procura retratar o jovem na mais completa liberdade de expressão, propõe uma crítica contra o controle do mundo padrão, desde o jovem afetado até o jovem tentando se estabelecer na nova forma de expressividade dos outros jovens. Não procura de forma alguma retratar as dificuldades dos pais, muito menos mostrar um contexto detalhado da época, apenas lança trechos de cerca de meia hora da vida de pessoas em situações cotidianas e libertinas, sem função moral.
A homossexualidade surgindo como forma de expressão, como quando o personagem de Ondine, ou ele mesmo, pois todos fazem papéis com os próprios nomes e de formas tão naturais soando como uma entrevista (mesmo não sendo), diz “sou homossexual por opção”. Algumas das principais situações do filme envolve esse tema como quase que base de todo o filme. Em certa parte, duas mulheres se tratam por nomes e artigos masculinos enquanto uma é extremamente controladora e repressora e a outra extremamente frágil. Ambas parecem, em tons sádicos, “aprisionar” uma outra mulher que está no chão do quarto.
O filme é dividido em espécies de capítulos apresentando situações diversas, como uma mulher gorda conversando com outra mulher sobre nada e depois atendendo um telefone. Um homem que se diz padre e atende uma jovem que quer se confessar, mas que logo desconfia de sua personalidade. Um homem que não sabe sobre o que falar e fala sobre coisas desconexas que levam a outros assuntos aparentemente sem fundamento, como o suor ter o mesmo gosto de uma maçã com sal e o sentimento de liberdade ao ficar nu. Há também uma espécie de orgia sem sexo onde um jovem parece forçado a se despir numa cama com outros dois homens e duas mulheres. Uma mulher que está sentada numa cama enquanto numa outra cama uma mulher gorda conversa e parece zangar com um outro jovem.
Com a idéia e o contexto histórico do filme, o filme conseguiu um status de cult underground e costuma a ser exibido em festivais e, curiosamente, em amostras de museus, muitas vezes em exposições de Andy Warhol, que também é um artista plástico que fez o clássico rosto de Marilyn Monroe em cores vibrantes.
O que pode e gera desaprovação no meio do cinema são suas longas e despreocupadas tomadas, muitas vezes carregadas de certo vazio e assuntos mal compreendidos ou realmente desnecessários, tomando muito tempo apenas mostrando imagens e situações aparentemente sem propósito. (pessoalmente, o filme funcionou perfeitamente comigo, apesar de, na primeira hora de filme eu não ter entrado na proposta, mas basta apenas expandir os horizontes). Um filme obrigatório para os fãs da cultura Underground.
Avaliação: 9/10