terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Caça às Bruxas

Season of the Witch, 2011.
Dirigido por Dominic Senna, com Nicolas Cage, Ron Perlman, Ulrich Thomsen, Christopher Lee e Claire Foy.

Palavras-chave: bruxa, medieval



Ultimamente eu tenho visto alguns filmes atuais comerciais e tenho me decepcionado (como se eu não soubesse que ficaria). Eu fico impressionado com o trabalho de todos os diretores e suas equipes em fazer filmes ruins, vazios, idiotas (literalmente). Não gosto de desvalorizar o trabalho das pessoas, mas quando elas fazem algo que nos insulta é inevitável contra-atacar. “Season of the Witch” peca desde seu título ao desenvolvimento e impressão que ele passa no fim. Apesar de bonito esteticamente, o filme consegue ser ignorante, como muitos filmes de ação americanos, a maioria vindos da era negra Bush, onde a violência predomina e nenhum tipo de cérebro racional e sentimental é detectado.

O tema “bruxas” é algo fragilíssimo quando visto por aqueles que compreendem o que realmente aconteceu na época das trevas. A igreja ignorante destruindo a sociedade em nome de um Deus na mesma proporção ignorante. A mulher sendo assassinada sem motivos, a irracionalidade humana da época, a falta de informação e reflexão, a falta de tudo numa era onde nada cresceu e tudo desmoronou. Mas não há por que eu ficar relatando a história desse período ao comentar um filminho desses. Eles não tiveram a capacidade de fazer isso. A começar pelo título original “Season of the Wtch”, que dá uma idéia, nesse filme, de que é uma temporada de caça, uma temporada de algo inexistente e usa do cultivo ignorante da imagem da mulher bruxa para destacar um momento, aqui no filme, aparentemente sem significado a não ser para criar ação e terror.


Não há uma reflexão sobre o tema, não há uma abordagem inteligente. Vemos a cruzada, os personagens de Nicolas Cage e Ron Perlman, heróis de batalha, invencíveis. De repente, ao matar uma mulher e ver crianças mortas, o personagem de Cage “abre os olhos” para a maldade existente naquela busca religiosa. Primeiro: um guerreiro, acostumado com a matança e, como mostrado no filme, brinca com isso, não vai sentir nada ao ver famílias mortas porque está acostumando com isso. Não há cabimento, foi uma jogada forçada para que o público se identifique com a pena do personagem principal perante os massacres que todo mundo reconhece como imoral. O diretor começa chamando o público para a violência e em seguida conquista o público descaradamente e então dá início à trama do filme.

O filme conta a história de dois cavaleiros templários chamados Behmen (Nicolas Cage) e Felson (Ron Perlman), inseparáveis e imbatíveis companheiros de batalha que lutam por anos nas cruzadas. Vivenciando esse meio caótico, eles foram perdendo tudo, principalmente a fé e o respeito pela igreja, principalmente depois de perceberem o quão absurdos são seus ideais e suas atitudes. Separando-se da igreja e de tudo, os dois caminham por terras distantes à procura de sua terra natal. Chegando num reino estranho, eles se deparam com a peste negra que devasta e mata monstruosamente as pessoas e percebem a condenação da raça humana naquele lugar. Os padres acusam as bruxas por rogarem tal praga e por isso as caçam e as levam para um julgamento onde não há como se sair vitoriosa. Nesse meio, Behmen e Felson são presos por serem templários e logo, por serem conhecidos, são convocados para escoltar uma jovem mulher chamada de bruxa. Como única saída daquele inferno, eles aceitam o serviço e partem, junto com um guerreiro, um monge e um guia em direção a uma floresta misteriosa com a intenção de atravessá-la.

Mais tarde, obviamente, um jovem se junta ao grupo dizendo ser capaz e admirando o trabalho dos templários e pretendendo se tornar um. Demonstra sua capacidade de luta numa clichê batalha com o grande Felson e mostra que tem grande capacidade, mesmo não tendo chances com o adversário. Aceito no grupo, eles então, completos, partem para um outro inferno. É difícil entender como têm que colocar jovens no meio dessas tramas.

Hoje em dia virou moda criar cenários esteticamente lindos, porém sem significado. Tudo escuro, frio, não que seja ruim, muito pelo contrário, é agradável, talvez a única coisa que salve no filme, pois podemos contemplar as paisagens, porém não há profundidade. Ela está alí para criar clima, um clima tenebroso, assustador quando o que é para ser assustador mais parece uma brincadeira: os personagens. Como sempre, temos o vilão, nesse caso, vilã, a bruxa jovem e bonita que parece ser julgada injustamente (como sempre naquele período). Os heróis têm sempre as mesmas expressões, posturas superiores, algumas piadinhas irritantes e tudo o mais.

Ultimamente Nicolas Cage, um bom ator para falar a verdade, está com alguns problemas financeiros e acaba tendo de fazer essas coisas para se ajudar. Isso é compreensível. Já Perlman sempre fez filmes assim e usa de sua caraça para interpretar papéis de pessoas duronas no cinema. Dominic Sena, o diretor, nunca mais fez um filme tão bom quanto “Kalifornia”.

O desfecho pode soar como uma justificativa à barbárie da época, mais clichê do que nunca. É como se a igreja estivesse certa e isso é revoltante, apesar de seu um filme de fantasia e descompromissado. Ou eu levo o cinema comercial muito a sério ou realmente a situação desse cinema hoje em dia é deplorável.





Avaliação: 2/10

Por Pedro Ruback

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