sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Grupo Baader Meinhof

Der Baader Meinhof Komplex (2008)
Dirigido por Uli Edel, com Martina Gedeck, Moritz Bleibtreu, Johanna Wokalek, Bruno Ganz, Simon Licht, Jan Josef Liefers, Alexandra Maria Lara, Hannah Herzsprung e Heino Ferch.

Palavras-chave: violência, anarquia, política


A Segunda Guerra Mundial tinha terminado apenas há 20 anos. Os que comandam a polícia, as escolas, o governo, eram as mesmas pessoas que estavam no comando durante o nazismo. O chanceler, Kurt Georg Kiesinger, era um ex-nazista. As pessoas só começaram a discutir isso nos anos 60. Nós éramos a primeira geração nascida desde a guerra, e estávamos fazendo perguntas aos nossos pais. Por causa do passado nazista, tudo de ruim era comparado ao Terceiro Reich. Se você ouvia falar de brutalidade policial, diziam que era igual à SS. No momento em que você vê seu próprio país como a continuação de um Estado fascista, você se dá a permissão de fazer quase qualquer coisa contra ele. Você vê as suas ações como a resistência que seus pais não tiveram.

Stefan Aust, autor do livro biográfico sobre a RAF, Der Baader Meinhof Komplex



A química auto-destrutiva do filme reina durante suas duas horas e meia de duração, fazendo com simplicidade e delicadeza um filme pesado fluir sem sensibilidade ou fragilidade (aspecto técnico), o que é bom, pois a história depende pelo menos disso para não ser apenas mais uma, para não beirar o odiado moralismo que alguns filmes ultimamente têm passado, se trata de algo duro e frágil, um momento da sociedade onde a rebeldia e o senso de justiça beiravam o absurdo, o momento em que os hormônios juvenis estavam prontos para explodir depois de um passado caótico e destrutivo. Os jovens queriam que isso não se repetisse (Segunda Guerra Mundial), queriam acabar com o fascismo, criando a anarquia, que é um modo de se libertar da sociedade, um modo de se sentir livre para fazer o que quiser, onde ninguém é Deus e Deus parece ser ninguém.

Não podia haver um líder, não podia haver uma pessoa que liderava um país, muito menos uma pessoa que deveria ser “melhor” financeiramente que outras. O comércio deveria parar de ser algo para alguns, deveria ser acessível para todos. Um pensamento comunista que dominava a mente dos jovens na década de 70 e 80 que muitas vezes eram interpretados de formas erradas e diferentes. O filme expõe uma ótica comum do tema quando o assunto é um grupo rebelde contra o governo. Uma ascensão rápida no início, gerando seguidores por todo um país ou continente e repentinamente uma queda brusca onde os idealizadores do movimento caem e sobram os seguidores, estes que não têm controle e passam a fazer o que acham que é certo sem um apoio adequado ou “inteligente” levando a um conflito antes inexistente, de certa forma, perdendo a razão.


O grupo Baader-Meinhof foi um grupo de extrema-esquerda formada na Alemanha que tinham como inimigos os burgueses. Eles temiam e acreditavam que o capitalismo fosse a nova arma do fascismo. Esse grupo tinha como objetivo acabar com o capitalismo, agindo radicalmente. No início eles focaram em protestos contra a guerra no Vietnã, a pobreza no terceiro mundo e a energia nuclear (que aliás, são ótimos temas para debates e protestos). Outro fator que levavam esses jovens a agirem tão radicalmente foi o fato de, a maioria dos políticos que atuavam em seus cargos da época eram ex-fascistas ou tinham um pé com isso.

O filme foi acusado de querer promover tal movimento na atualidade por mostrar uma glorificação dos integrantes do grupo, mesmo que em partes mostre sua queda. Há festas, liberdade, atitude e independência, além de um senso de radicalismo e voz que hoje é reprimido nos filmes. Há grande adrenalina também. Mas como mostrar uma história real sem pelo menos tentar imitar o real, o que realmente aconteceu? Não há porque fazer um filme baseado em fatos, ainda mais do ponto de vista dos jovens do filme, sem mostrar o que para eles foi aquele momento. Claro que foi glorificante, claro que houve adrenalina e liberdade, houve trabalho em equipe e iniciativa! Mas o que muitos não entendem é que o mundo está mudando e as pessoas já são conscientes de que certos movimentos e certas atitudes geram graves conseqüências e, com base no já ocorrido no passado, nunca irão querer repetir e, se isso acontecer, os mesmo erros não serão cometidos, o que é óbvio.

De qualquer forma, diversas coisas eles alcançaram. Não só violência, não só vandalismo e não só anarquia, eles fizeram com que as pessoas mudassem sua ótica perante os jovens, que os jovens estão muito mais preocupados com o mundo que antes e somos (digo “somos” porque eu também sou jovem) capazes de qualquer coisa para fazer com que ele se torne um lugar justo e igual para todos.




Avaliação: 9/10
Por Pedro Ruback

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